FHC aposta em Aécio no segundo turno




Ex-presidente FHC "tem fé" em ida de Aécio Neves ao segundo turnoEm evento realizado por entidades ligadas à construção civil, o ex-presidente afirmou que a eleição somente é ganha "no dia", criticou as políticas do governo e defendeu reforma política que trate do financiamento
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Em Fortaleza para participar de evento promovido por entidades da construção civil, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) lembrou de sua mais marcante derrota eleitoral para dizer que “eleição, a gente só ganha no dia”.

O sociólogo afirmou que o PSDB não tem inclinações sobre quem apoiar no segundo turno, porque aposta que seu candidato, o senador mineiro Aécio Neves, tem chances de chegar à segunda fase da disputa.


“Eu tenho fé”, resumiu. Ele citou sua própria derrota para Jânio Quadros na disputa pela Prefeitura de São Paulo, em 1986. FHC lembrou que até as pesquisas de boca de urna lhe davam a vantagem. Mas foi Jânio quem acabou no Palácio do Anhangabaú.


A queda da candidata Marina Silva (PSB) nas pesquisas, segundo o ex-presidente, deveu-se a “um ataque desmesurado a ela, em bases fantasmagóricas”. Marina, que ele apontou em livro recente como liderança capaz de interlocução direta com a sociedade, tem, no ambientalismo, algo que “é positivo no ponto de vista do jovem”. Isso seria uma vantagem sobre Aécio.


O ex-presidente não economizou nas tintas contra a atual administração federal. Ele indicou, de forma irônica, a presidente Dilma Rousseff (PT) ao prêmio Nobel. “Ela conseguiu arrebentar, ao mesmo tempo, o setor de petróleo, o setor de etanol e o setor de energia. Isso não é fácil”, critica.


Compra de votosFHC também criticou os métodos de fazer política. Para ele, as eleições são “compras de votos”. O tucano afirma que, no Brasil, “a democracia é financiada pelas empreiteiras, pelos bancos e por quatro ou cinco empresas”. Ele diz ser contrário a que as empresas possam fazer doações para vários candidatos, mesmo que com ideologias opostas. Segundo ele, estas doações seriam um dos motivos para a crise de representatividade.


“O sistema político está desacreditado”, diz. Sua transformação, porém, demandaria uma reforma política que, FHC admite, “os partidos não têm interesse”.


Para o sociólogo, estaria em questão uma escolha sobre que forma de organização o Brasil adotaria. Seria a opção entre um modelo que aposta na sociedade e outro que aposta no Estado como agente de mudanças. De acordo com FHC, que declarou achar “exagerado” o papel que a Constituição dá ao setor público, o Brasil tem uma tradição de “Estado forte e sociedade fraca”. Entretanto, este contexto está sendo transformado por uma nova geração que quer “fazer parte da política”, sem que isso queira dizer “partido”.

http://www.opovo.com.br/app/opovo/politica/2014/09/30/noticiasjornalpolitica,3322733/ex-presidente-fhc-tem-fe-em-ida-de-aecio-neves-ao-segundo-turno.shtml