Empresários estão muito pessimistas com governo Dilma



Empresário, descrente com a economia, já reduz empregos

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Confiança da indústria, comércio e construção civil despenca diante de cenário de poucas vendas



JULIANA GONTIJO E QUEILA ARIADNE



O adjetivo “pior” virou uma constante na divulgação de indicadores econômicos. Na semana passada, o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) divulgou o pior resultado de geração de vagas formais para um mês de junho dos últimos 16 anos. Nessa quarta, o adjetivo voltou a despontar nos índices de confiança da indústria, comércio e da construção. E tamanha descrença do empresariado na recuperação a curto prazo já pode ser sentida com demissões.



De acordo com a Sondagem Industrial da Federação das Indústrias de Minas Gerais (Fiemg), o emprego no setor apresentou recuo pelo 14º mês seguido. A Fiemg também divulgou nessa quarta o pior índice de confiança desde 2005, para um mês de julho. “É mais um recorde negativo”, observa a economista da entidade Annelise Rodrigues Fonseca.



Ela explica que o resultado de 42,8 pontos significa pessimismo e diz que o empresário está com esse sentimento por causa do desempenho das variáveis macroeconômica e da incerteza da eleição. Para a produção, o índice de desconfiança é de 38 pontos. “Aliás, já era esperado um resultado negativo por causa da Copa. Durante o período, a produção foi menor. Afinal, muitas fábricas concederam férias coletivas para seus funcionários”, diz.



Diante do cenário, a Confederação Nacional do Comércio (CNC) calcula que serão criados 140,87 mil postos formais de trabalho no comércio em 2014, o que seria o pior desempenho do setor desde 1998 e metade do que foi previsto no início deste ano. “Há certa decepção com o ritmo de vendas no varejo. Como a situação está pior e as expectativas estão caindo, o empresário coloca o pé no freio em investimentos e contratações”, disse o economista da CNC, Fabio Bentes.



De acordo com o presidente do Sindicato dos Trabalhadores Metalúrgicos de Belo Horizonte, Contagem e região (Sindimetal), Geraldo Vargas de Araújo, na semana passada o dono de uma fábrica de autopeças abandonou 140 funcionários dentro da empresa e simplesmente voltou para São Paulo. “Ele deixou os empregados sem nenhum aviso, sem acordo trabalhista, sem nada. Isso aconteceu na semana passada e estamos acompanhando o caso”, afirma.



Efeito cascata. O diretor da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq-MG), Marcelo Veneroso, afirma que o setor está no zero a zero desde o ano passado e, agora, a situação é de retração. “Já vemos um efeito em cadeia. As grandes contratantes não conseguem pagar em dia as empreiteiras, que não pagam em dia os fornecedores, o que reflete no pagamento dos salários da indústria dos fabricantes de máquinas e também de quem faz manutenção”, diz.



Em Juiz de Fora, a Mercedes-Benz já demitiu neste ano por volta de 80 trabalhadores, conforme o presidente do Sindicato dos Trabalhadores Metalúrgicos de Juiz de Fora e Região (STIM/JF), João César da Silva. Além da redução do quadro, atualmente o sindicato dos metalúrgicos e a montadora de caminhão estão em negociação para a suspensão temporária do contrato de 120 a 150 funcionários pelo prazo de cinco meses.



O índice

A confiança do empresário é medida em uma de 0 a 100. Menor que 50, indica desconfiança do empresário na economia. O indicador da Fiemg está em 38,3 pontos, o que indica muito pessimismo.