Cúpula do PT é condenada por formação de quadrilha


Brasília – Por seis votos a quatro, o Supremo Tribunal Federal (STF) condenou nesta segunda-feira (21) o ex-ministro José Dirceu, o ex-deputado José Genoino, o ex-tesoureiro petista Delúbio Soares por formação de quadrilha. A punição soma-se à por corrupção ativa que já fora imputada previamente pela Corte. Outros oito réus, entre eles o empresário Marcos Valério, foram também condenados pelo mesmo crime. Vinicius Samarane tem cinco dos 10 votos pela sua condenação e terá sua situação revista posteriormente.

O último ministro a votar no capítulo sobre formação de quadrilha, o presidente do Supremo, ministro Ayres Britto, condenou 11 dos 13 réus pelo crime. Desta forma, estão condenados criminalmente no último capítulo os réus José Dirceu, José Genoino, Delúbio Soares, Marcos Valério, Cristiano Paz, Ramon Hollerbach, Rogério Tolentino, Simone Vasconcelos, José Roberto Salgado e Kátia Rabello. Ayanna Tenório e Geisa Dias tiveram sua absolvição pedida.

“Lembro que nosso desafio é mais de ordem teórica do que propriamente factual. Ninguém está discutindo mais os fatos na sua materialidade e na sua autoria, isso parece estar superado”, afirmou o ministro. Para ele, concluído o julgamento do item, o problema agora é de enquadramento dos fatos aos moldes legais.

O presidente do Supremo afirmou que “o trem da ordem jurídica não pode descarrilar”. Para ele, paz pública é o bem jurídico relacionado à ordem jurídica. “É o quanto a ordem jurídica tem de penal”, declarou. “A tranquilidade é filha da confiança, é produto da confiança.”

O ministro ressaltou o vínculo da sociedade com as instituições democráticas. “A sociedade não pode decair da confiança, seja qual for o desafio, no Estado garantidor da paz pública”, disse.

“Associação denota sociedade”, afirmou o ministro. Para ele, a relação de enquadrilhamento é uma “relação de pertencimento”. Uma alusão de que os mensaleiros do PT o fizeram debaixo de um projeto de estabilidade, de solidez, de firmeza. “Não é uma coisa fragmentada, uma coisa orgânica, invertebrada”. Para o juiz, “permanência não é durabilidade, mas tão somente continuidade, perdurabilidade”. E citou que o mensalão do PT perdurou por vários meses até a eclosão do escândalo. “Como seria de se esperar, com o propósito de fazer alianças partidárias, com parlamentares avulsos mas expressivos em sua liderança, à base de dinheiro, de corrupção”. Segundo Ayres Britto, “é esse tipo de aliança que o Direito execra, excomunga, desse modo espúrio de fazer política”. Para o ministro, a política á a mais importante instituição coletiva. “É Deus no céu e a política na Terra”, afirmou.

Núcleos do mensalão

Ao se referir aos três núcleos do esquema, o presidente do STF afirmou que eles “realmente se entrelaçaram no plano de execução. Houve divisão de tarefas. Tenho uma relação de R$ 153 milhões que foram levantados, na ponta do lápis. Não há como fechar os olhos para essa evidência”, disse.
PSDB/MG