"Tarde demais", diz Aécio para o pacto proposto agora por Dilma





O senador Aécio Neves (PSDB-MG) rebateu nesta quarta-feira (13) a proposta da presidente Dilma Rousseff de fazer um pacto político no país, incluindo oposição, trabalhadores e empresários, caso sobreviva ao processo de impeachment. Para o tucano, o pacto "vem tardiamente" e que qualquer pactuação só poderá acontecer com a saída da mandatária.

"Esse pacto que ela propõe hoje vem tardiamente. Acredito na necessidade desse pacto em torno de uma agenda mínima de reformas, mas ele deverá ocorrer sem a presença da presidente Dilma na presidência da República porque, lamentavelmente, ela se tornou um problema. O problema do Brasil emergencial hoje é retirar pela via constitucional a presidente da República", disse.

Questionado se o processo não é "um golpe", como tem sido chamado pelo governo, Aécio afirmou que quem pratica de fato um golpe são os que "ameaçam descumprir a Constituição que está sendo respeitada pelo Congresso".

O rito que estamos cumprindo tanto na Câmara quanto no Senado foi definido pelo STF [Supremo Tribunal Federal]. Seria o único caso na história da humanidade em que um golpe é dado respaldado pelo Supremo com a participação de todos os partidos políticos, inclusive o da presidente que participa das discussões na Câmara, e participará no Congresso", disse.

Para o tucano, se a Câmara aprovar o impeachment no próximo domingo (17), a presidente deverá ser afastada do cargo em até 20 dias. Para Aécio, o rito do processo já está definido e o Senado não precisa fazer nova consulta ao STF, como aventou o presidente da Casa, Renan Calheiros (PMDB-AL).

"Nosso sentimento é que Brasil tem pressa. Resultado de domingo deve ter consonância com uma decisão rápida do Senado Federal e se a Câmara aprovar, ao que parece, pela maioria expressiva que se apresenta a admissibilidade", disse.

Com a ascensão do vice-presidente Michel Temer (PMDB) ao comando do país, Aécio afirmou que defenderá que o peemedebista monte um ministério de notáveis e não ceda à distribuição de cargos para "nacos partidários". Segundo Aécio, o PSDB não fará indicações para compor o governo de Temer mas admitiu que convites a alguns tucanos podem acontecer.

"Nossa posição será apresentar ao presidente Temer, se ele assumir o cargo, uma agenda de reformas cuja base é aquilo que apresentamos à sociedade brasileira durante a campanha eleitoral. O PSDB não pretende participar de cargos, indicar nomes, por isso sugerimos ao presidente Michel que ele faça um ministério de notáveis, que não se submeta a essa lógica perversa da compartimentalização, da distribuição dos ministérios para nacos partidários", disse.

"É preciso que nesse momento de emergência, todos os partidos percebam que tem um Brasil a ser reconstruído e ele tem liberdade para montar seu ministério", completou.
O Tempo