Alckmin segue proposta antiga de Aécio e diz que PSDB deve ter prévias


Tucanos mineiros encaram prévias com naturalidade

Disputa, como na capital paulista, pode se repetir antes eleições presidenciais

FELIPE CASTANHEIRA

A disputa interna do PSDB pela candidatura à Prefeitura de São Paulo não intimida as lideranças do partido em Minas, que dizem não ver problemas em realizar prévias para a eleição presidencial em 2018.

No domingo, após votar em João Dória como candidato do partido para a capital paulista, o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB) reivindicou que o processo de escolha interna também seja realizado para a presidência. Alckmin pretende concorrer com o presidente da sigla, Aécio Neves.

O próprio Aécio afirma estar confortável com a situação. “Tenho o mesmo entendimento que em 2010, de que as prévias são o melhor caminho quando há mais de um nome no partido. Felizmente, o PSDB tem a virtude de ter quadros altamente qualificados e, no momento certo, esta decisão será tomada”, afirmou ele.

Presidente do PSDB de Minas, o deputado federal Domingos Sávio acredita que a disputa nacional não terá situações como as que ocorreram na disputa paulista – com denúncias e pedidos de impugnação. “Esses episódios não devem ser tidos como motivos para deixar de se fazer a democracia interna”, diz Sávio.

Entretanto o parlamentar reforça que o ideal seria uma candidatura consensual, sem prévias. “Eventualmente você começa a trabalhar a disputa externa, com os verdadeiros adversários mais cedo. Então essa hipótese não deve ser descartada”, descreve ele, sem rejeitar a possibilidade de uma disputa em 2018.

O deputado federal Caio Nárcio apresenta uma leitura semelhante. “O partido é um veículo para transportar as ideias individuais em ideias coletivas. E essas ideias coletivas são formadas através do diálogo”, diz o parlamentar mineiro.

“Quando dois nomes se colocam de maneira objetiva, é normal que se consulte a base do partido para decidir”, descreve Nárcio.

O parlamentar defende que Aécio seja o candidato para 2018 e destaca a votação obtida em 2014. “Hoje ele é um património nacional, o grande líder da oposição e na eleição passada teve a maior votação do partido”.

O deputado também destaca os resultados que mostram Aécio como primeiro colocado nas pesquisas eleitorais estimadas para o próximo pleito presidencial.

Tanto Domingos Sávio quanto Caio Nárcio afirmam que o compromisso do partido é se unir em defesa do nome escolhido para 2018, acolhendo a indicação da maioria.

Batalha. Entretanto a disputa interna é mais tensa do que os líderes partidários pretendem fazer parecer. O histórico de disputas no ninho tucano mostra que nem sempre o clima é tão ameno.

Em 2006, Alckmin chegou a dizer que a ideia de uma candidatura de José Serra era inadmissível, pois o tucano teria de deixar a Prefeitura de São Paulo. Pressionado, Serra abriu mão da disputa interna, deixando o caminho livre para Alckmin enfrentar o ex-presidente Lula (PT).

Em 2009 a queda de braço de Serra se deu com Aécio Neves, que no final do ano deixou as eleições. No ano seguinte, o mineiro não aceitou ser o vice do paulista, que acabou derrotado por Dilma.

Na época, analistas políticos descreveram a situação como uma resposta de Aécio ao fato do partido negar uma prévia entre os dois pré-candidatos.

São Paulo

Preliminar. O empresário João Doria e o vereador Andrea Matarazzo vão disputar o segundo turno das prévias do PSDB à Prefeitura de São Paulo. A nova eleição será em 20 de março.

O Tempo