O presidente do PSDB, senador Aécio Neves, afirmou que o Supremo Tribunal Federal (STF) tem que respeitar a decisão do Legislativo de abrir o processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff. A íntegra da entrevista será transmitida na noite de segunda-feira (14) para terça, a partir da 0h30, na RedeTV!.
De acordo com ele, anular a decisão da Comissão Especial da
Câmara dos Deputados seria uma intromissão indevida e que pode gerar um
conflito ainda maior.
Aécio afirmou ainda que a tendência do PSDB é votar pela
cassação do mandato do presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha
(PMDB-RJ). A declaração foi feita hoje, em entrevista gravada no programa É
Notícia, que será exibida na noite da próxima segunda-feira, 14. Cunha é
acusado de ter mentido a seus pares durante depoimento à CPI da Petrobras,
quando negou que possuísse contas secretas no exterior e offshores.
"As acusações são graves, é muito grave a situação
dele. Já há elementos para garantir a continuidade da investigação. A tendência
do partido [PSDB] é ir nessa direção [cassação do mandato]". Segundo
Aécio, "antes do processo de impeachment de Dilma, já tínhamos [PSDB]
nossa posição ante Cunha".
Apesar do tom crítico em relação ao presidente da Câmara,
Aécio defendeu a legitimidade da abertura do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff. "No
exercício de sua posição, (Cunha) fez algo legítimo". Para Aécio, "há
uma tentativa de se transformar [o processo] em disputa da presidente da
República com o presidente da Câmara [Eduardo Cunha (PMDB-RJ)]".
Na opinião do senador mineiro, o vice-presidente Michel
Temer deu sinal claro de distanciamento da presidente Dilma Rousseff com a
carta enviada esta semana à petista. "Vi dois momentos na carta: o mais
expressivo, o do rompimento. Por outro lado, ele se deteve de forma excessiva
na cobrança de nomeações, por exemplo. Senti falta de uma condenação das
medidas tomadas e que levaram o país a essa situação", afirmou.
Sobre um possível apoio do seu partido a um eventual governo
de Michel Temer, em caso de impeachment de Dilma, Aécio Neves disse que é algo
"que terá que ser avaliado". "Não é uma questão colocada hoje.
Não sei se um governo do PMDB englobaria nossas propostas. Devemos ir devagar
com o andor, conhecer o projeto. O PSDB não se negará a apoiar medidas para
tirar o país da crise", ponderou.
“Não me seduz pessoalmente participar de um governo,
ministérios, que eu não acredite ter compromisso com nosso programa, com nosso
projeto. A proximidade com o PSDB jamais se dará pela oferta de cargos em
qualquer governo, inclusive no dele [Michel Temer], eventualmente”, completou
Aécio.
Ao analisar o risco de impedimento da presidente Dilma, o presidente
do PSDB, principal partido da oposição à atual gestão federal, afirmou que
"há uma diferença grande do processo" que levou à queda de Fernando
Collor de Mello e o que corre contra a atual mandatária. "Talvez os crimes
desse governo sejam maiores que os cometidos por Collor. Dilma e governo
mergulharam o país. Se tem alguém responsável por esse processo de impeachment,
é a própria presidente da República", disse.
Para Aécio Neves, "Dilma e o governo mergulharam o país
em uma crise sem precedentes" e o processo de impedimento "não é
golpe, é previsto constitucionalmente. Não há golpe dentro da
Constituição". "É no campo jurídico que isso deve se resolver. Não é
a baixa popularidade ou a economia que tirarão Dilma do poder", afirmou.
"Dou a ela [Dilma] o direito à defesa. Convença o Congresso que não
cometeu crimes de responsabilidade fiscal. Se o TSE julgar que ela não usou a
máquina pública nas eleições, tenho que respeitar", completou o político.