Aécio cobra total transparência no Programa Bolsa Família



Candidato informou que já pediu ao governo acesso aos dados do programa, mas não foi atendido

Isabella Souto
"Nós vamos cuidar do que tem que vir além do Bolsa-Família. E a minha grande diferença de sentimento e de pensamento em relação a essa visão do PT sobre pobreza é que o PT se contenta com a administração da pobreza" - Aécio Neves (PSDB), candidato a presidente da República

Principal programa social do governo federal, o Bolsa-Família foi alvo de críticas do senador e candidato a presidente da República Aécio Neves (PSDB). Durante evento de campanha em São Paulo, o tucano prometeu que, se eleito, vai abrir o cadastro dos beneficiários, que classificou de “caixa-preta”. As declarações tiveram como base relatório de fiscalização do Tribunal de Contas da União (TCU), divulgado na semana passada, que apontou distorções em índices usados pelo Bolsa-Família, o que indica que o número de pobres e extremamente pobres no Brasil poderia estar subestimado.

“Nós queremos a política da superação da pobreza. E é isso que nós estamos fazendo. Primeiro a questão pontual: nós vamos abrir essa caixa-preta que é o cadastro do Bolsa-Família. Ninguém sabe direito o que está acontecendo no Bolsa-Família, você não consegue saber”, afirmou o candidato do PSDB. Aécio Neves contou ainda que, usando da prerrogativa de senador, já solicitou ao governo o acesso a informações do programa, tais como escolaridade das crianças beneficiadas, vacinação e qualificação dos pais. No entanto, não foi atendido.

Mais uma vez o tucano negou que vá acabar ou alterar regras do Bolsa-Família. “Nós vamos cuidar do que tem que vir além do Bolsa-Família. E a minha grande diferença de sentimento e de pensamento em relação a essa visão do PT sobre pobreza é que o PT se contenta com a administração da pobreza”, reclamou. Responsável pela gestão do programa, o Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome alegou na semana passada que o relatório do TCU parte de “premissas erradas” para chegar a “conclusões equivocadas”. Em nota, a direção do TCU repudiou as “difamações que atacaram a honra” do órgão.

DROGAS Aécio Neves se reuniu ontem na capital paulista com mulheres para debater propostas como o combate à violência doméstica e ao tráfico de drogas. Questionado por uma mãe que teve o filho morto durante assalto, por um menor que precisava de dinheiro para comprar drogas, o tucano afirmou que endurecerá a relação do Brasil com países fronteiriços que não coibem o cultivo, a produção e o comércio de drogas. O principal alvo será a Bolívia – que segundo ele produz hoje quatro vezes mais cocaína do que consome –, mas citou também a Colômbia e o Paraguai.

“Nós não daremos no nosso governo financiamentos nem estabeleceremos parcerias com países que não tiverem internamente um programa confiável de diminuição de inibição do combate às drogas e da produção de drogas nestes países. Para mim isso é absolutamente claro”, prometeu. O candidato aproveitou para criticar a gestão do PT no Palácio do Planalto, que ele disse assistir ao crescimento da violência e criminalidade ao mesmo tempo em que financia obras nos países vizinhos por meio do BNDES. O tucano reconheceu que existe uma relação de solidariedade com essas nações, mas que só será mantida a partir do momento em que tenham responsabilidade.

LÁPIS Cobrado pela candidata do PSB Marina Silva a apresentar seu programa de governo, Aécio Neves disse que vai mostrá-lo assim que ficar pronto, já que o documento está sendo feito com “cuidado” e à caneta. “Não é feito a lápis, para apagar a depender de pressões”, ironizou, referindo-se a recuos feitos pela adversária em suas propostas, como aquelas voltadas para os homossexuais. O tucano reforçou ainda a promessa de que, se eleito, vai reduzir a maioridade penal para adolescentes condenados por crimes graves.