Preferência por Aécio racha o PSB de Minas

Racha no PSB de Minas cresce e esvazia palanque de Campos 
Vice-presidente em Minas, Mário Assad, deixa o cargo e desiste de disputar vaga na Câmara

TÂMARA TEIXEIRA
O início oficial da campanha não colocou fim à crise do PSB mineiro. Mário Assad anunciou ontem que deixou a vice-presidência do partido em Minas. Ele também desistiu de disputar uma cadeira na Câmara Federal. Outra baixa é a do ex-ministro Walfrido Mares Guia. Os dois engrossam o time dos dissidentes em que já estão o presidente do Clube Atlético Mineiro, Alexandre Kalil, o prefeito Marcio Lacerda e o ambientalista oriundo da Rede, Apolo Heringer.

Sem unidade, o tão esperado – e exigido – palanque pelo diretório nacional para o presidenciável Eduardo Campos fica enfraquecido e vai sendo esvaziado em Minas. O discurso dos descontentes e a origem do racha são um só: a decisão da legenda de lançar candidatura própria no Estado com Tarcísio Delgado. Kalil e Lacerda queriam o apoio aos tucanos Pimenta da Veiga, na disputa estadual, e do presidenciável Aécio Neves. Já Assad e Apolo defendiam uma candidatura da Rede, com o nome do próprio Apolo. Agora, Assad deve apoiar o PT de Fernando Pimentel.

Segundo Mário Assad, o PSB se tornou “terra de ninguém”. “Não colocarei meu nome em um cenário no qual grassam a infidelidade e a impostura”, disse por meio de nota.

Walfrido foi além. Ele pediu a desfiliação da legenda e será o coordenador da campanha à reeleição de Dilma Roussef (PT) em Minas. O ex-ministro ainda irá trabalhar pela candidatura ao governo do Estado do petista Fernando Pimentel. “Vou atuar junto aos prefeitos”, disse. A principal missão do amigo pessoal de Lula será converter os prefeitos da base do governo tucano para a campanha de Dilma.

Na última semana, Marcio Lacerda e Alexandre Kalil, candidato a deputado federal pelo PSB, comunicaram que não irão apoiar Delgado, e que estarão na campanha de Pimenta da Veiga.

O presidente do PSB mineiro, deputado federal Júlio Delgado, disse que os últimos acontecimentos não prejudicam o partido. “Não causam nenhum prejuízo. Não muda nada. Me estranha o Assad dizer o que disse porque ele votou pela candidatura própria”, afirmou Delgado.

Perguntado se Campos terá um palanque forte em Minas, Delgado minimizou a situação. “Campos terá palanque suficiente para garantir sua presença em Minas e mostrar suas propostas àqueles que não se empolgam com o atual governo federal nem querem a volta do PSDB ao poder”, disse Delgado.

Ontem, Campos se reuniu com diretórios estaduais e negou que haja dissidências regionais. “O partido está unido e coeso em relação ao projeto nacional”, afirmou.

A primeira secretária da sigla, Ana Paula Teixeira, participou do encontro e disse que a situação de Minas foi muito discutida. “O que ele (Campos) e todos disseram é que o partido tem liberdade para decidir sobre candidatura própria, independente do que outros políticos pensam e falam”, disse Ana Paula.