Elite Global quer Dilma sem ambiguidades



Elite global aguarda Dilma e um discurso sem ambiguidades – Casa das Caldeiras

24/01/2014 às 08h31 | Postado por: Angela Bittencourt Seção: BM&FBovespa, Câmbio, Investimentos, Juro, PIB, Política econômica, Reservas internacionais

Os bancos têm duas horas – de 9 às 11 -- para assumir ou desfazer posições nos mercados futuros de juro e câmbio, os segmentos de maior volume financeiro de negócios da Bolsa brasileira – a BM&FBovespa. A partir das 11h15, horário de Brasília, a presidente Dilma Rousseff faz seu discurso de meia hora a 1500 empresários e executivos em Davos, Suíça. Esse pronunciamento é o primeiro de Dilma no Fórum Econômico Mundial. Nos três primeiros anos de mandato, a presidente desviou de Davos. Neste último ano de gestão – com chance de ser duplicada se o favoritismo apontado nas pesquisas de opinião se confirmar e garantir a reeleição --, sua aproximação a essa elite mundial tornou-se inevitável. E não porque Dilma precisa de votos ou simpatia. Até porque, em três anos de Planalto, Dilma não conquistou novos aliados. Pior, cavou uma trincheira, guardando boa distância do capital. Esse modelo cai bem para uma Dilma e um país do passado. O Brasil mudou. E Dilma?

Quem pergunta é o mercado financeiro que, de antemão, duvida de qualquer resposta. A presidente, até por temperamento, não tentará convencer ninguém da sua disposição ou capacidade para governar o país. É necessário reconhecer, porém, que a presença da presidente, daqui a pouco, na arena de exímios negociadores é singular. Demonstra, no mínimo, que o Brasil é maior que o Planalto, onde não deveriam prevalecer vontades individuais. Dilma vai “vender” o Brasil – de incontáveis distorções econômicas e sociais. Superou a hiperinflação, mas hesita em defender a estabilidade monetária. Exibe condições imprescindíveis para o progresso e mal consegue manter taxas de crescimento minimamente sustentáveis.

O Brasil engatinha e cai. Nossa economia não é grande o bastante para dispensar representantes. E, por essa razão, a presidente Dilma Rousseff faz bem em debruçar sobre o seu discurso à seleta comunidade internacional. A plateia é grande e altamente credenciada. Certamente sabe muito de Brasil. E é craque em levantar capital e direcionar a rentáveis empreitadas. A presidente sabe que o Brasil precisa de investimentos. E de futuro. Vale a pena, portanto, ficar atento ao discurso presidencial que pode ser até ufanista, mas não poderá comportar ambiguidades.

Em tempo: o Brasil vai para a vitrine no exato momento em que a vizinha Argentina pega fogo divorciando-se dos investidores. Sugadas por fuga de capitais, as reservas internacionais da Argentina já não alcançam US$ 30 bilhões. As reservas cambiais brasileiras somam US$ 375 bilhões. Somos diferentes.
Valor Econômico