A pouco mais de cinco meses de começar oficialmente a
disputa eleitoral, em 6 de julho, o senador Aécio Neves, provável candidato do
PSDB à Presidência da República e presidente nacional da sigla, já definiu
parte dos nomes que vão compor a linha de frente e a retaguarda da campanha. As
escolhas feitas até agora indicam que o partido está disposto a resgatar o "legado"
dos oito anos em que esteve à frente do Palácio do Planalto com Fernando
Henrique Cardoso, que comandou o Palácio do Planalto entre 1995 e 2002.
Nas três últimas campanhas presidenciais, a herança de FHC
foi abordada discretamente pelos candidatos tucanos. O primeiro nome anunciado
na semana passada, conforme revelou o Estado, foi o do engenheiro agrônomo Xico
Graziano. Diretor do Instituto FHC e ex-chefe de gabinete do ex-presidente, ele
será responsável pela coordenação de uma das áreas mais sensíveis da campanha:
a internet. Presidente do Banco Central entre 1999 e janeiro de 2003, no
segundo mandato de FHC, Armínio Fraga foi escalado para aproximar Aécio dos
empresários e arrecadar recursos para a campanha.
Fraga também deve integrar o grupo que vai elaborar a parte
de economia no programa de governo de Aécio. A coordenação-geral da elaboração
do programa será feita a partir de março pelo governador de Minas Gerais,
Antonio Anastasia. Afilhado político de Aécio, Anastasia também foi secretário
executivo e ministro interino do Trabalho no segundo mandato de FHC. O senador
mineiro convidou ainda o economista Barjas Negri, ministro da Saúde no primeiro
mandato de FHC, para elaborar as propostas de saúde.
Outro nome que deve integrar o grupo, mas ainda não foi
confirmado pela equipe do senador, é o engenheiro José Carlos Carvalho.
Ministro do Meio Ambiente de FHC entre março e dezembro de 2002, ele deve
participar da elaboração das propostas dessa área, missão que dividirá com o
deputado estadual pernambucano Daniel Coelho. No passado, Carvalho foi um dos
principais interlocutores de Aécio com os ambientalistas e ajudou a organizar
um jantar com o tucano e 60 dos maiores líderes do setor.
"Muitos candidatos prestigiam especialistas de fora na
hora de montar o plano de governo. Esses nomes prestigiam o PSDB e o
ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Não há como separar o partido das duas
gestões dele na Presidência", avalia o deputado Antonio Carlos Mendes
Thame (SP), secretário-geral do PSDB.
A decisão de se antecipar aos adversários na apresentação
dos nomes, iniciativa que será referendada pela direção executiva tucana em
reunião marcada para 11 de fevereiro, também foi um movimento estratégico.
"Ao antecipar os nomes, o senador Aécio está sinalizando de forma
transparente que levará essas pessoas para o governo. Isso é um fator de
estabilidade para o Brasil", afirma o senador tucano Cássio Cunha Lima
(PA), um dos quadros mais próximos do provável candidato.
Postos-chave. O senador também já conta com uma lista de
nomes que devem compor o comando executivo da campanha. Irmã de Aécio, a
jornalista Andrea Neves deixou a presidência do Serviço Voluntário de
Assistência Social, órgão do governo mineiro, para ser uma figura central na
área de comunicação.
O publicitário mineiro Paulo Vasconcellos é o mais cotado
para assumir o marketing da campanha. As decisões, porém, serão submetidas a um
conselho de comunicação, fato inédito em campanhas tucanas.
Estado-chave na estratégia do PSDB, São Paulo recebe atenção
especial na formação da equipe. Ex-ministro de FHC e atualmente vereador
paulistano, Andrea Matarazzo foi sondado para assumir o comando da campanha na
capital.
O prefeito de Botucatu, João Curi, será responsável por
articular e engajar os prefeitos do interior na campanha presidencial.
Presidente do PSDB paulista, o deputado Duarte Nogueira é apontado como um dos
nomes para comandar a campanha no Estado e fazer a sinergia com a corrida pela
reeleição do governador Geraldo Alckmin.
Estado de São Paulo