Em relatório enviado na terça-feira ao Supremo Tribunal Federal (STF), o delegado Álex Levi Bersan de Rezende, da Polícia Federal (PF), afirma que não é possível comprovar que o senador Aécio Neves (PSDB-MG) recebeu propina de contratos em Furnas, como relataram três delatores.
Já Delcídio baseou seu relato em uma conversa com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que negou, em depoimento, as afirmações que lhe foram atribuídas pelo senador cassado.Para Álex, o relato de Yousseff não pode ser confirmado porque ele disse que soube da influência de Aécio na empresa por duas pessoas que já estão mortas, ex-deputado José Janene e Airton Daré, ex-presidente da empresa Bauruense.
O relatório diz ainda que o depoimento da terceira pessoa a mencionar o tucano, o lobista Fernando Moura, "precisa ser avaliado com cautela, por se tratar de pessoa que já foi desacreditada pela Justiça, e teve seu acorda de colaboração premiada revogado por ter mentido em juízo".
Segundo o delegado, a investigação confirmou que ocorreram "inúmeras ilegalidades" durante a gestão de Dimas Fabiano Toledo em Furnas, mas não comprovou a relação entre essas ilegalidades e o "recebimento de propinas pro dirigentes do PP, do PSDB ou do PT", como foi relator.
Para Álex, como os fatos narrados ocorreram há mais de 14 anos, não foi possível encontrar outras provas, "apesar do empenho da Polícia Federal".
O documento foi encaminhado para a Procuradoria-Geral da República (PGR), que irá se posicionar sobre o prosseguimento ou não da investigação. O relator do inquérito no STF é o ministro Gilmar Mendes. A investigação começou em maio de 2016.
DEFESA PEDE QUE INQUÉRITO SEJA ARQUIVADO
Em nota, o advogado do senador, Alberto Toron, afirmou que o inquérito comprova "a falta de envolvimento do senador Aécio Neves com os fatos que lhe foram atribuídos", e disse esperar que a PGR peça o arquivamento do inquérito.
"Após a realização de inúmeras e detalhadas diligências, incluindo a oitiva de empresários, políticos de oposição e delatores, durante um ano e três meses, a Polícia Federal concluiu que inexistem elementos que apontem para o envolvimento do Senador Aécio Neves em supostas atividades ilícitas relativas a Furnas", diz o texto.
DELCÍDIO DISSE QUE EMPRESA ERA 'JÓIA DA COROA'
Em sua delação, Youssef afirmou que ouviu de José Janene e de Airton Daré que Aécio dividiria uma diretoria de Furnas com o PP e que uma irmã dele faria uma suposta arrecadação de recursos junto à empresa citada.
Delcídio afirmou que Aécio recebeu "sem dúvida" pagamentos ilícitos de Furnas, e que ele possui vínculo “muito forte” com Dimas Toledo. A diretoria, segundo o delator, seria a "jóia da coroa" da Eletrobras, uma vez que era usada sistematicamente para repassar valores a partidos, como PSDB, PP e PT.
O político afirmou "ter ouvido do próprio presidente Lula, no ano de 2005, que a manutenção de Dimas Fabiano na diretoria de Furnas teria se dado a pedido de Aécio Neves".
Já Fernando Moura disse que foi informado pelo próprio Dimas Toledo de que um terço da propina iria para o PT de São Paulo, um terço para o PT nacional e um terço para Aécio.
Em depoimento prestado em maio, Aécio negou que tivesse influência em Furnas. O tucano disse ter recebido "com grande espanto" a delação de Delcídio, e atribuiu as denúncias feitas por ele a uma "represália às duras críticas" que fez na época da prisão do senador cassado, em novembro de 2015.
Além disso, Aécio afirmou que não conhece pessoalmente Alberto Yousseff e Fernando Moura
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