Aécio recomenda ao PT que não se preocupe com o PSDB



Correio Braziliense


Após o fim da primeira reunião da nova executiva nacional do PSDB nesta terça-feira, em Brasília, o presidente do partido, senador Aécio Neves (PSDB-MG), afirmou que vê em alguns setores do PT uma preocupação exagerada com a atuação dos tucanos. "Não se preocupem com o PSDB, foquem os esforços na defesa quando for preciso dar explicações ao TCU e ao TSE em relação a eventuais delitos que possam ter ocorrido", comentou.

De acordo com o senador, foi discutido entre os parlamentares o momento delicado pelo qual passa a política brasileira. Aécio falou sobre a operação Politeia, deflagrada nesta terça-feira pela Polícia Federal, mais um desdobramento das investigações feitas pela Lava-Jato. Entre os alvos estão o ex-presidente da República e hoje senador Fernando Collor de Mello (PTB-AL), os senadores Ciro Nogueira (PP-PI) e Fernando Bezerra (PSB-PE) e o deputado Eduardo da Fonte (PP-PE).

"Há um sentimento de perplexidade por parte de setores da vida pública nacional. Nada pode impedir que as investigações avancem. Sempre é recomendado prudência em casos assim, mas o que estamos vendo são desdobramentos de investigações que já vinham ocorrendo lá atrás. Sempre que as instituições forem atacadas, como é o caso da Petrobras, cabe ao PSDB defender. Vamos acompanhar de perto todos os desdobramentos de mais essa operação", destacou.


O senador Aloysio Nunes (PSDB-SP) seguiu o raciocínio de Aécio. Ele revelou que acordou assustado hoje pela manhã. "Passei pela residência do Collor e vi vários homens encapuzados da Polícia Federal, foi algo tenebroso, me causou um sentimento ruim". O também senador Cássio Cunha Lima (PSDB-PB) disse que o partido acompanha atentamente as investigações da PF. "Não há como negar que o Brasil vive hoje um clima tenso. O PSDB defende que todos os fatos sejam apurados e que as instituições se fortaleçam com o aparecimento da verdade".

Votações

Aécio Neves falou sobre os trabalhos no Congresso durante a última semana antes do recesso parlamentar. Segundo ele, algumas questões ligadas à reforma política, que podem ser apreciadas ainda hoje pelos deputados federais, preocupam os tucanos. "O financiamento das campanhas eleitorais pode ser votado na Câmara. Nós defendemos o financiamento misto. Nos preocupa muito que possa ser trilhado o caminho que restabelece o caixa dois no Brasil", frisou.

Segundo ele, o partido irá trabalhar para que sejam estabelecidos limites para o financiamento privado das campanhas. "Queremos que seja fixado que até dois por cento do faturamento bruto de cada empresa seja destinado para esse fim. Defendemos que um quarto desse valor, no máximo, possa ser repassado para um mesmo partido. Não é possível admitir que uma empresa financie apenas um único partido", pontuou.

Crise

O senador revelou que na noite desta segunda-feira (13), o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, o telefonou pedindo que seja votada ainda essa semana a proposta que busca repatriar recursos que estão no exterior e que não foram taxados por algum motivo. "Não há condições de que esse projeto seja votado essa semana, antes do recesso, como gostaria o governo. É algo complexo e que precisa ser examinado de forma clara. Temos que avaliar o que ocorreu em outros países que tomaram a mesma decisão".

Aécio justificou a decisão do partido de não apreciar a matéria antes do recesso. "Mesmo que a maioria aprove a urgência do projeto, não permitiremos que seja votado essa semana. É preciso garantir que haja mecanismos de distinção entre recursos lícitos e aqueles oriundos de tráfico de drogas ou corrupção, por exemplo. O Levy me garantiu que os próprios bancos têm condições de fazer isso, tenho dúvidas quanto a isso. O que vemos mais uma vez é o governo do improviso, que surge com uma proposta maravilhosa e criativa para solucionar todos os problemas fiscais do Brasil", concluiu.