Muda Brasil ! : Baixo PIB prenuncia recessão!


PIB abaixo de 1% nas expectativas

http://impresso.em.com.br/app/noticia/cadernos/economia/2014/07/22/interna_economia,122556/pib-abaixo-de-1-nas-expectativas.shtml

Expansão do Produto Interno Bruto deve se limitar a 0,97% este ano, segundo as últimas previsões do boletim Focusrecessão.
Deco Bancillon
Brasília – A ameaça de recessão levou o mercado financeiro a rever para baixo a estimativa para o crescimento econômico este ano. Diante da escalada do pessimismo entre empresários e após números recentes indicarem a estagnação da indústria e diminuição do ritmo do varejo, analistas de bancos e corretoras já dão como certo que o Produto Interno Bruto (PIB) deverá desacelerar de uma alta de 2,5%, em 2013, para um avanço de apenas 0,97%, este ano. Foi a primeira vez em 2014 que o boletim Focus, levantamento feito pelo Banco Central (BC) com cerca de 100 instituições financeiras, revelou apostas para a economia abaixo de 1%.

O maior risco, no entanto, é que a atual projeção de 0,97% passe a ser encarada como um teto para as estimativas já em desaceleração do PIB em 2014. Faz oito semanas consecutivas que os analistas cortam as apostas de expansão da economia no ano. Em 2 de janeiro, por exemplo, o Focus apontava um crescimento de 1,99% até dezembro (veja quadro). Mas, à medida que indicadores que sinalizavam uma forte desaceleração da indústria e também do varejo eram conhecidos, essas projeções foram revisadas para baixo.


As maiores quedas foram observadas num intervalo de apenas um mês. Em 30 de junho, a mediana do Focus para o PIB era de uma expansão de 1,16%. Em quatro semanas, essa estimativa caiu a 0,97%, uma retração de 0,19 ponto percentual.


O economista-chefe da SulAmérica Investimentos, Newton Rosa, acredita que o indicador poderá alcançar novos picos de baixa a partir do fim de agosto. “Os ajustes para baixo ainda devem continuar, principalmente quando for divulgado o PIB do segundo trimestre, que deve decepcionar muita gente”, disse.


Em 29 de agosto, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) deve anunciar a evolução do crescimento econômico de abril, maio e junho. Boa parte do mercado financeiro aposta numa retração do indicador de até 0,4%. Nas contas do economista-chefe do Banco Fibra, Cristiano Oliveira, se a retração for um pouco maior, de 0,5%, é possível que também o resultado do primeiro trimestre seja puxado para baixo, o que configuraria num quadro de recessão técnica.

Não por acaso, emendou Rosa, as apostas para o PIB deverão cair para algo como 0,8% ou 0,9% já nas próximas semanas, refletindo o pessimismo com a desaceleração econômica. Seja qual for o resultado, observou o economista, é certo que o IBGE mostrará um país em estagnação. “O que nós temos visto é que os índices de confiança desabaram.”, disse.



O maior pessimismo das famílias e firmas também reflete a queda dos investimentos produtivos na economia. Até abril, boa parte do mercado financeiro ainda apostava numa elevação da Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF) entre 4% e 5% este ano. “Mas as apostas viraram, e, agora, muita gente já começa a pensar numa queda de 5% a 6% dos investimentos até dezembro”, reforçou Rosa.



SEM OTIMISMO Boa parte desse receio com o futuro, diz o economista Bruno Fernandes, da Confederação Nacional do Comércio (CNC), se deve à desaceleração do próprio PIB. “No passado, até 2010, quando a economia crescia mais forte, o empresário estava otimista. Então, mesmo que, em um momento, as vendas caíssem um pouco, ele preferia não demitir, para reter os funcionários mais competentes e evitar custos extras”, disse.



O baixo crescimento dos últimos três anos de governo Dilma Rousseff, quando a média de expansão do PIB foi de apenas 2%, contra 4,6% durante o segundo mandato do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, levou ao temor maior com o futuro. “Nós tivemos três anos consecutivos de baixo crescimento e alta da inflação, então isso tudo reduz o otimismo dos empresários”, emendou Fernandes.



Outro fator que contribuiu para o mau humor no setor privado é o menor crescimento do consumo das famílias. Até 2010, a massa real de salários, que exclui a variação da inflação, avançava a um ritmo superior a 7,4%. Mas, à medida que o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) disparava, os trabalhadores viam seu poder de compra encolher. Em 2013, a massa real de salários avançou apenas 2,8%, o menor crescimento em sete ano. Este ano, a situação agravou-se: em 12 meses, até março, o indicador expandiu-se apenas 2%.