Rui Falcão reconhece que não vai ser fácil e que Eduardo tira os votos de Dilma no Nordeste




“O PT não acha que será fácil. Mas temos o fator Lula”, diz presidente do PT-SP sobre reeleição de Dilma

Em 12/02/2014

O presidente estadual do PT em São Paulo, Emídio de Souza, que fala sobre os desafios do partido para reeleger Dilma (Foto: Vagner Magalhães/Terra)

POR RODRIGO RODRIGUES

Recém eleito presidente estadual do PT em São Paulo, o ex-prefeito de Osasco, Emídio de Souza, tem uma das mais difíceis missões na política atual: conduzir o PT a uma vitória inédita no governo do Estado e, de quebra, garantir uma quantidade de votos suficiente em SP para a presidente Dilma Rousseff conseguir se reeleger no plano nacional.

Tudo isso num estado governado há mais de vinte anos por um grupo político representado pelos tucanos do PSDB, que já tiveram Mário Covas, José Serra e o atual governador, Geraldo Ackmin, no poder. E tentará em outubro conquistar o sexto mandato seguido.

Problemas não faltam para os dois lados: escândalos do cartel Siemens/Alstom, atrasos nas obras do Metrô, racionamento de água e questões sérias de Segurança por parte dos tucanos. Economia patinando, protestos contra a Copa e crise de confiança por parte dos petistas.

Para tanto, Emídio de Souza diz que o PT em São Paulo está preparado e não tem medo da ameaça que a entrada do presidenciável Eduardo Campos (PSB) pode trazer para a liderança das legenda no plano nacional: “O PT tem o fator Lula. Fora da Presidência da República, solto, como um cidadão comum, sem as amarras do cargo, ele vai ser um grande diferencial dessa disputa”, comemora o petista.

Confira e breve entrevista feita com Emídio de Souza na ocasião do aniversário de 34 anos do PT, em São Paulo:

Para tirar o PT do governo federal, Aécio Neves e os tucanos dizem que o tempo do PT já venceu no poder. O PT está muito tempo no governo?

O PT para ficar muito tempo no poder tem que ter o que dizer. E nós temos. Mesmo os nossos governos nacionais têm que agora apresentar novas propostas. Na primeira fase, com os dois governos do Lula e o primeiro da Dilma, demos conta das tarefas que tínhamos até agora. Daqui para frente nós vamos ter que ser mais ousados e aprofundar as mudanças que nós fizemos. Teremos que ser mais ousados em temas econômicos e outras matérias para aprofundamento da Democracia. E em São Paulo também será assim, se quisermos vencer.

Com a entrada do Eduardo Campos (PSB) na disputa, o xadrez está mais complicado para a recondução de Dilma?

Nós partimos do pressuposto que não tem eleição fácil. Todas são difíceis. As que parecem mais fáceis são exatamente as mais difíceis. Então, não motivo pra gente temer. Acho que o nosso governo fez muito pelo Brasil. O governo da presidente Dilma aprofundou as mudanças que o Lula tinha iniciado. Então, nós confiamos no desempenho dela nas urnas. Mas o O PT não acha que será uma eleição fácil. Nós nunca menosprezamos os adversários. O País tem sempre uma agenda nova. As manifestações de junho trouxeram novos elementos e novos desafios para todos os governantes. Nesse contexto, nunca é fácil vencer uma eleição num país como o Brasil.

O Eduardo Campos é um elemento que prejudica, já que ele tem alto potencial de votos no Nordeste, onde o PT vence desde 2002?

É evidente que a entrada do Campos traz uma mudança, porque o fato dele ser do Nordeste pode tirar um pedaço da liderança que o PT sempre teve por lá. Mas tem o fator Lula. O Lula fora da presidência da República, solto, como um cidadão comum para fazer campanha, sem as amarras do cargo, ele vai ser um grande diferencial dessa disputa. Em Minas, o fato do PT sempre vencer por lá e esse ano ter o Aécio, é um novo fator que agrega. Com esse cenário, tudo indica que a campanha deve ser mais disputada realmente em São Paulo. Porque é a primeira vez também que o candidato presidencial do PSDB não é do Estado. E nós vamos trabalhar muito para levar Dilma à vitória.
Terra