Aécio aponta mais uma tentativa de fraude do PT: Correios em Minas


Aécio aponta tentativa de fraude em Minas

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Após escândalo do vídeo, presidenciável acusa Correios de boicotar correspondências de campanha

Leonardo Augusto

Enviado especial

“Essa forma de o PT governar, se apropriando do Estado como se fosse seu patrimônio, tem que ser encerrada, e os responsáveis têm que ser exemplarmente punidos", Aécio Neves (PSDB), candidato a presidente, durante campanha em Juiz de Fora

Juiz de Fora – O candidato do PSDB à Presidência da República, Aécio Neves, afirmou ontem ter recebido informações de integrantes do partido de que correspondências enviadas pela legenda em Minas Gerais ao longo da campanha eleitoral não chegaram ao destino. O tucano atribuiu o “boicote” aos Correios e declarou que “estão querendo fraudar a eleição em Minas Gerais”. “Os Correios chegaram a cometer a imprudência de, em ofício, dizer: ‘se não chegou, vamos enviar novamente’. Como enviar novamente se não havia uma outra remessa para ser enviada? Acho que aí há o ato falho que aponta para o caminho de uma fraude. Se comprovada a fraude, é algo absolutamente grave”, afirmou Aécio à noite, em campanha em Governador Valadares, na Região Leste de Minas.


Vídeo divulgado na terça-feira mostra o deputado estadual em Minas Durval Ângelo (PT), coordenador político da campanha do principal rival dos tucanos na disputa pelo Palácio Tiradentes, Fernando Pimentel (PT), elogiando correligionários dos Correios durante reunião em um comitê. Conforme o parlamentar, o desempenho do partido no estado tinha como um de seus catalisadores a capilaridade da estatal em Minas. Durval afirma ainda na gravação que a presidente Dilma Rousseff (PT) só chegou aos 40% das intenções de voto no estado porque “tem dedo dos petistas nos Correios”.

Mais cedo, em Juiz de Fora, ao lado dos candidatos da legenda ao governo de Minas, Pimenta da Veiga, e ao Senado, Antonio Anastasia, Aécio anunciou a decisão de que o partido vai acionar a Justiça Eleitoral contra o PT. Outros partidos e o Ministério Público Eleitoral (MPE) também levaram ou estudam formas de levar o caso à Justiça. Aécio disse estar indignado com o que está acontecendo em Minas Gerais, “sobretudo em relação às últimas denúncias em relação ao uso de uma empresa centenária como os Correios para a campanha eleitoral dos nossos adversários”.

Conforme o candidato, o fato de as correspondências, que, segundo ele, não teriam chegado aos destinatários, atrapalhou a comunicação da campanha. “(O material) poderia levar informações aos eleitores mineiros”, reclamou Aécio, afirmando que o PT “atenta contra a democracia”. “Essa forma de o PT governar, se apropriando do Estado como se fosse seu patrimônio, tem que ser encerrada, e os responsáveis têm que ser exemplarmente punidos.” disse.

No mesmo tom, Pimenta da Veiga afirmou pela manhã, em campanha na Ceasa-MG, que esse tipo de conduta “é uma prática petista”. “É uma coisa escrachada. É o uso descarado de uma empresa séria como é os Correios. Desmoralizam a Petrobras, estão desmoralizando os Correios. É o segundo ato de abuso dos Correios. O primeiro gerou o mensalão. É inacreditável”, disse Pimenta. Para ele, o caso pode levar à cassação de Pimentel, caso ele seja eleito. “É uma coisa nunca vista antes. É o uso descarado da máquina pública em favor de uma candidatura. Essa candidatura se tornou totalmente ilegítima. É ilegal, que levaria até mesmo à perda de mandato em caso de um êxito eleitoral”, avaliou Pimenta.

‘APARELHAMENTO’ Também a candidata do PSB, Marina Silva, criticou ontem o suposto uso dos Correios pela campanha da presidente Dilma. A pessebista afirmou haver uma “confusão entre o partido e o governo” evidenciado no caso. “A reeleição é uma chaga no nosso país. É uma prática que faz com que os governantes, em vez de pensar no interesse da população, façam de tudo para se reeleger, não importam os meios. Cria uma situação de aparelhamento, de uso político das instituições públicas.”

Já na tradicional entrevista coletiva no Palácio do Alvorada, a presidente Dilma classificou de “absurda” a denúncia envolvendo os Correios e sua campanha. “Gente, vocês são jornalistas. Vocês acreditam nisso? Gente, nós estamos vivendo um momento eleitoral e fica uma situação um pouco nervosa. Isso é um absurdo”, disse a presidente, evitando se estender sobre o tema, alegando estar com uma rouquidão muito forte. Questionada se os Correios estariam trabalhando a favor da sua candidatura, Dilma desconversou: “Gente, eu não vou responder. Eu dei entrevista para vocês, estou sem voz. Estou tentando fazer gargarejo”.

O jornal O Estado de S. Paulo publicou em seu site na terça-feira uma reportagem em que mostra Durval Ângelo durante uma reunião com servidores dos Correios em que teria dito que a estatal ajudou as candidaturas de Dilma e de Pimentel a estarem em primeiro lugar nas pesquisas no estado.
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